Evolução dos preços das matérias-primas
A época natalícia está cada vez mais próxima e as matérias-primas têm um papel importante, uma vez que as famílias continuam a sofrer com o aumento do custo de vida e os efeitos da inflação acumulada durante estes últimos 4 anos. Este ano, a volatilidade nas principais matérias primas “natalícias” têm sido superiores para alguns casos e inferior para outros. Algumas destas matérias-primas acabam por ter um impacto significativo no rendimento disponível das famílias que vamos analisar de seguida.
Vamos passar pelas matérias-primas que usualmente tendem a ter mais procura nesta altura, tendo em conta o panorama macro do mercado de capitais e fatores-chave que têm influenciado e podem influenciar ainda mais as flutuações dos preços no curto e médio prazo.
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Gás Natural
O clima nos EUA mudou drasticamente, e as previsões indicam agora que as temperaturas em quase metade dos EUA deverão ser visivelmente mais baixas do que o normal.
As temperaturas mais baixas também estão a ocorrer na Europa, resultando num declínio mais forte das existências em relação ao que a média de 5 anos mostra.
Espera-se que Donald Trump implemente um plano para aprovar novos projetos de terminais de exportação de GNL nos primeiros dias da sua administração. Em teoria, esta é uma boa notícia a longo prazo para os países que recebem este gás, o que aumentaria ainda mais a competitividade. Por outro lado, é uma notícia negativa para os consumidores americanos, para quem teoricamente haveria menos gás disponível.
Por outro lado, espera-se que a nova administração de Trump aumente o número de licenças de perfuração na costa dos EUA e em terras pertencentes ao governo. Este facto poderá fazer baixar os preços do petróleo e do gás a curto prazo.
Vale a pena notar, no entanto, que Biden suspendeu novas autorizações para aumentar as exportações de GNL em janeiro, embora estas decisões possam ser rapidamente revertidas com a tomada de posse de Trump a 20 de janeiro.
Petróleo
O petróleo reagiu com descidas após o cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah, que deverá reduzir os riscos de uma nova escalada entre Israel e o Irão.
O petróleo pode permanecer sob pressão a médio prazo devido à probabilidade de serem emitidas mais licenças de perfuração. Teoricamente, isso poderia levar a um aumento da produção no final do próximo ano, sem novos recordes.
A OPEP+ reúne-se novamente no final de novembro e início de dezembro. Prevê-se que o início da reposição da produção no mercado possa ser novamente adiado. A primeira opção aponta para fevereiro e a segunda para o segundo trimestre de 2025.
Ouro
As fortes quedas no mercado do ouro no início da última semana de novembro estiveram relacionadas com a possibilidade de se chegar a um cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah.
O Hezbollah, por sua vez, poria fim à sua presença junto ao rio Litani, no Líbano, e as forças armadas libanesas seriam direcionadas para esse local.
O acordo seria avaliado pelos Estados Unidos e por um comité de 5 países.
A queda do preço mostra a importância do prémio de risco no preço atual do ouro.
Ao mesmo tempo, o preço do ouro pode depender da situação das taxas de juro nos EUA. Neste momento a previsão de cortes de taxa de juro continuam, mas a um ritmo cada vez mais lento à medida que a inflação estabiliza e o emprego se mantém. O que pode levar a uma apreciação do dólar e pressionar ainda mais os preços do ouro.
Açucar
Os aumentos recentes nos preços do açúcar foram impulsionados por uma cobertura de posições curtas, depois de terem publicados algumas previsões sobre um eventual déficit global de açúcar para as colheitas de 2024/25 e 2025/26. O banco projeta um déficit global de açúcar de -2,3 MMT para 2024/25 e -1,3 MMT para 2025/26, citando seca prolongada e chuvas excessivas no Brasil, principal região produtora de açúcar.
Desde quinta-feira passada, os preços do açúcar estavam sob pressão e atingiram mínimos de uma semana na segunda-feira, quando a Organização Internacional do Açúcar (ISO) reduziu sua previsão de déficit global de açúcar para 2024/25 de -3,58 MMT para -2,51 MMT. Ao mesmo tempo, a ISO aumentou a previsão de superávit de açúcar para 2023/24 para 1,31 MMT, ante os 200.000 MT previstos anteriormente.
Na terça-feira, os preços do açúcar subiram para máximas de duas semanas, após a Wilmar International projetar que o número de usinas de açúcar fechadas no Brasil, atualmente 38, mais do que triplicaria neste mês, reduzindo drasticamente a produção do país. Usinas de açúcar no Brasil costumam parar de processar a cana nos meses chuvosos de dezembro e janeiro, podendo retomar as operações em março, dependendo do clima. No entanto, as chuvas fortes este mês no Brasil levaram ao encerramento antecipado das usinas.
A perspectiva de aumento na produção de açúcar na Tailândia é negativa para os preços do açúcar. Em 29 de outubro, o Escritório da Cana e do Açúcar da Tailândia previu que a produção de açúcar do país em 2024/25 aumentaria +18% ano a ano, para 10,35 MMT, comparado com 8,77 MMT na temporada 2023/24.
A seca e o calor excessivo no Brasil causaram incêndios que danificaram os cultivos de cana, especialmente no estado de São Paulo. A indústria de cana Orplana afirmou que até 2.000 focos de incêndio afetaram até 80.000 hectares de cana-de-açúcar no estado.
Outro fator favorável aos preços do açúcar foi a decisão da Índia, em 30 de agosto, de levantar restrições à produção de etanol a partir da cana-de-açúcar para a safra 2024/25, o que pode prolongar as restrições às exportações de açúcar da Índia. A Índia restringiu as exportações de açúcar desde outubro de 2023 para manter reservas internas suficientes.
Por fim, a USDA, no seu relatório bianual de 22 de novembro, projetou que a produção global de açúcar para 2024/25 aumentaria +1,5% para 186,6 MMT, e o consumo humano de açúcar cresceria +1,2% para um recorde de 179,6 MMT.
Café
O café Arábica subiu para os níveis mais elevados desde meados da década de 1990, ultrapassando o anterior máximo local de 308 cêntimos por libra em 2011.
Vale a pena notar, no entanto, que os níveis mais altos registados na segunda metade da década de 1970 não ultrapassaram os 350 cêntimos por libra.
O tempo seco significa que o potencial de crescimento dos grãos de café nos próximos meses foi significativamente reduzido.
As indicações actuais são de que a expectativa de um aumento de 3% da produção brasileira em relação à época passada pode ser revista para indicar mesmo um declínio da produção.
O USDA recentemente reviu os dados e indicou que a produção da temporada 24/25 será 3,5 milhões de sacas inferior às projeções anteriores.
Os inventários nas bolsas continuam a aumentar ligeiramente, mas permanecem extremamente baixos em relação aos padrões históricos. Prevê-se que os preços altos nas bolsas farão com que os inventários brasileiros no próximo ano caiam para mínimos históricos.
Cacau
O mercado de cacau teve um desempenho impressionante em 2023, com aumentos significativos nos preços, impulsionados por preocupações climáticas e baixa liquidez. Apesar de expectativas iniciais de excesso de oferta, problemas como doenças nas árvores e falta de fertilizantes levaram ao maior défice de produção já registado, enquanto a procura se manteve elevada.
Para 2024/2025, prevê-se uma produção de 2 milhões de toneladas na Costa do Marfim, com época principal (outubro a abril) a ser estável, mas o clima nos próximos meses será decisivo para a época intermédia (maio a setembro).
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Fonte: Koyfin
Desempenho das matérias-primas ao longo deste ano. Fonte: Koyfin
Em conclusão, embora as épocas festivas e de maior consumo possam influenciar a procura por matérias-primas como o cacau, café e gás natural que estão em destaque este ano, não podemos afirmar que o maior volume de aquisição desses produtos ocorra nesta altura específica. Uma vez que as empresas e fornecedores de produtos e serviços tendem a antecipar-se e a comprarem as matérias-primas para prevenir o efeito nestas alturas festivas de maior consumo e escassez. Portanto, o mercado antecipa este tipo de padrões de consumo, sendo estes efeitos já visíveis no preço do mercado de futuros. Assim, expectativas futuras, variações climáticas e decisões estratégicas de empresas/governos ou eventos geopolíticos podem também ter um grande impacto no mercado. Por isso, o valor dos preços pode ser imprevisível e não seguir a tendência de consumo de curto-prazo.
Autores: Adriana Rojão, Vítor Madeira e Henrique Tomé
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