📈O aumento dos preços do gás natural, carvão e petróleo condicionam as perspectivas económicas
- Os preços do gás na Europa e na Ásia continuam extremamente elevados
- A crise energética pode provocar reações nos mercados globais
- O aumento da procura na Europa e na Ásia causará um aumento do défice noutros mercados
- Os preços mais elevados da energia contribuiu para um aumento na inflação (não temporária, como indicado pelos bancos centrais)
A grande parte das economias têm iniciado a transição para uma maior utilização das energias renováveis, contudo, algumas das matérias-primas têm valorizado fortemente ao longo dos últimos tempos . A tudo isto, acrescentamos a questão do Brexit, que tem tido um enorme impacto na atual situação de loucura na Grã-Bretanha, o abrandamento económico causado pela pandemia, que levou apenas a uma redução temporária na procura de recursos energéticos.
Inverno rigoroso
O Inverno anterior levou a uma diminuição dos níveis de inventários de gás e outras matérias-primas utilizadas para a produção de calor, para os níveis mais baixos dos últimos anos. A pandemia provocada pelo coronavírus levou a uma redução da atividade económica em muitos setores, o que levou a uma redução da procura de produção de energia e, consequentemente, a uma redução do fluxo de matérias-primas em todo o mundo e, por isso, as reservas de gás e carvão na Europa ou na Ásia, durante o período de maior atividade, não conseguiram recuperar.
A utilização de armazenamento de gás na Europa situa-se atualmente em apenas 74% com uma média de 5 anos de 89%. De acordo com a AIA, se o próximo Inverno for rigoroso, então algumas zonas poderão enfrentar escassez de matérias-primas. Atualmente, este é o caso na Grã-Bretanha, onde os inventários estão esgotados e a procura continua a aumentar. Fonte: EIA: Bloomberg
Política climática
Tem se assistido a uma grande necessidade de reduzir as emissões de dióxido de carbono, principalmente na Europa, mas também cada vez mais na Ásia. As atuais políticas provocaram um enviesamento para a produção de energia renovável. O aumento dos preços das licenças de emissão de dióxido de carbono levou ao abandono do carvão em favor do gás e das fontes de energia renováveis. As fontes renováveis, contudo, estão dependentes do clima - não há vento no Reino Unido, enquanto que na Noruega o baixo nível da água levou a um aumento da procura de fontes de energia convencionais. Assim, os preços não só do gás, que atualmente é escasso no mercado (devido a problemas de consumo e abastecimento anteriores), estão a aumentar, mas também do carvão. Os preços elevados da energia são o resultado da espiral relacionada com os preços das licenças de emissão e os preços elevados das matérias-primas energéticas.
Nos últimos meses, os preços dos produtos energéticos aumentaram até várias centenas de por cento. Este é o efeito da escassez, limitada artificialmente pela oferta, mas acima de tudo, da forte recuperação da procura. Os preços da energia vão afetar praticamente todos os aspectos da economia. Fonte: Bloomberg
O que é que isto significa para os mercados financeiros?
A evolução desta situação dependerá em grande parte da previsão do tempo e do próprio tempo. No entanto, o aumento dos preços da energia está a provocar uma subida das yields das obrigações. Este é o efeito da expectativa de uma inflação mais elevada associada ao aumento constante dos preços.
A correlação entre o preço do petróleo e as yields das obrigações atingiu o seu pico em Outubro de 2020. Os preços elevados do petróleo reflectem as expectativas em torno da inflação. Fonte: Bloomberg
Os preços elevados da energia aumentam as expectativas em torno da inflação, acabando por se traduzir num aumento das yields das obrigações. Isto, por sua vez, tem um enorme impacto sobre o dólar (perspectivas de alta), ouro (perspectivas de baixa) e ações, especialmente no setor tecnológico (perspectivas de baixa).
O aumento das yields das obrigações (preços em queda no gráfico TNOTE - gráfico azul) são más notícias para o ouro, mas também para as empresas tecnológicas. O ouro está a ser negociado no seu nível mais baixo desde o início de Agosto, enquanto que o Nasdaq (US100) quebrou abaixo dos 15.000 pontos. Fonte: xStation5
A crise energética pode fazer subir ainda mais os preços do petróleo. A situação atual começa a ser semelhante com a situação de 2010. Quando o preço do petróleo aumentou significativamente após a última grande crise financeira. No entanto, as atuais circunstâncias podem depender muito das condições climáticas. O Inverno rigoroso poderá impulsionar a procura de petróleo, traduzindo-se num aumento dos preços. Fonte: xStation5
