Após o colapso da Exchange de Crypto FTX, o CEO da Binance pressionou as restantes exchanges de crypto a revelar detalhes relativos à sua saúde financeira (especialmente ao nível das reservas), o que deveria restaurar a confiança dos investidores. Para este efeito, a maior exchange do mundo contratou uma empresa de auditoria, a Mazars para preparar um "relatório sobre as garantias de reservas", que deveria fornecer mais detalhes sobre os activos e passivos da empresa, incluindo alguns dados sobre as finanças da exchange. O relatório deveria mostrar que a Binance tinha fundos suficientes para cobrir todos os seus activos de utilizadores 1:1, bem como algumas reservas.
Contudo, a publicação do relatório causou uma contorvercia nas redes sociais, uma vez que alguns peritos acreditam que a auditoria foi manipulada e as garantias de reservas mostram que os fundos dos clientes estão garantidos a apenas 97%, excluindo os activos emprestados aos utilizadores através de empréstimos ou contas de margem. John Reed Stark, antigo chefe do Gabinete de Fiscalização da Internet da SEC, tweeted:
"O relatório "garantia de reservas" da Binance não aborda a eficácia dos controlos financeiros internos, não exprime uma opinião ou conclusão em relação às garantias.(...) Trabalhei na SEC Enforcement durante mais de 18 anos. (...) É assim que se levantam red flags".
Na opinião do CEO da exchange Kraken Jesse Powell, a Binance fez uma tentativa de provar garantias em vez das reservas no seu relatório. Na sua opinião, a Binance pode entrar em insolvência e admite o mesmo no que diz respeito a bens reais em dívida versus tokens controlados. Powell salientou que a exchange FTX também mostrou solvência durante algum tempo graças ao truque da contabilidade "colateral".
Outros peritos salientam que o relatório da Mazars não era um relatório de auditoria completo e não abordava a eficácia dos controlos internos da empresa em matéria de relatórios financeiros. Também a Mazars admitiu que o relatório foi criado com base em "procedimentos acordados" solicitados pelo Binance. A carta refere-se a uma entidade Binance chamada Binance Capital Management Co. Ltd., que está localizada nas Ilhas Virgens Britânicas e não é claro se os fundos dos clientes são detidos por esta entidade ou pela Binance International ou pela Binance US.
O relatório destacou três valores, denominados em bitcoin, incluindo o "Relatório de Balanço de Passivo do Cliente", com um saldo de 597.602 bitcoins e o "Relatório de Balanço de Activos", com um saldo de 582.486 bitcoins, representando uma cobertura de activos do cliente de 97,4%. O terceiro valor, o "Saldo Líquido do Passivo (excluindo os Activos In-Scope emprestados aos clientes)", foi ajustado para baixo em cerca de 21.860 BTC para 575.742 bitcoins, uma vez que foi emprestado aos clientes, e esta medida confirma que os fundos dos clientes são 101% suportados por reservas.
A porta-voz da Binance, Jessica Jung, disse que a diferença de 21.860 bitcoins era "constituída por empréstimos do BTC feitos aos clientes através do programa de empréstimo da Binance" e que "as garantias para esses empréstimos não estão no BTC, mas noutras moedas".
É preciso lembrar que o relatório da Mazars se centrava exclusivamente em Bitcoin, e excluía outras criptos detidas pela empresa como garantia, o que suscitou mais preocupações entre os investidores. Por outro lado, a Binance comprometeu-se a divulgar num futuro próximo dados relativos a outras criptomoedas disponíveis na sua plataforma e reservas conexas, o que deverá fornecer mais informações sobre a situação financeira real da empresa.

Na semana passada, a BINANCECOIN esteve a ser negociada entre as médias móveis entre 50 e 200 períodos, contudo o relatório da Mazars pode actuar como catalisador para um novo movimento de baixa.
Neste momento, o preço está a testar a SMA de 200 períodos (linha vermelha), e se quebrar abaixo dessa zona de suporte, as perdas poderão prolongar-se em direção à marca dos $254,25. Por outro lado, a reacção inicial após a publicação do relatório foi bastante silenciosa, havendo portanto uma hipótese de os compradores recuperarem o controlo. Neste caso, poderá surgir um novo impulso de alta em direção à zona de resistência marcada pelos $295,00.Fonte: xStation5