Qual será a reacção do USDTRY após as eleições de domingo na Turquia?
Este domingo, a Turquia vai eleger 600 deputados e um presidente. Haverá uma mudança no poder após 20 anos de governação do partido AKP, liderado por Recep Tayyip Erdogan?
Alguns factos importantes
- No dia 14 de Maio, os turcos vão às urnas para eleger os seus representantes no Parlamento e o Presidente. 64 milhões de turcos estão aptos a votar
- Se nenhum candidato obtiver 50% dos votos, realizar-se-á uma segunda volta das eleições a 18 de Junho
- Erdogan permanece 20 anos no poder, mas esta será a primeira eleição após a mudança de um sistema parlamentar para um sistema presidencial, que teve lugar em 2018
- Erdogan foi primeiro-ministro durante 11 anos, tendo-se tornado presidente em 2014
- É provável que o partido AKP ganhe as eleições, mas poderá não ter a oportunidade de governar sozinho
- O Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP) está a perder fortemente o seu apoio devido a uma inflação significativa e a uma queda maciça da taxa de câmbio. Além disso, a oposição acusou o partido no poder de gerir mal o problema após uma série de terramotos ocorridos este ano
- A inflação na Turquia desceu para 50,5% em Março, contra 85,5% em Outubro, um máximo de 24 anos. Erdogan é conhecido pela sua abordagem não convencional da inflação e por promover cortes nas taxas de juro
- Kemel Kilindaroglu, do Partido Republicano do Povo (CHP), é o maior rival de Erdogan na corrida presidencial. A maioria das sondagens coloca-o em posição de vencer a primeira volta, mas uma segunda volta poderá ser mais equilibrada
- As hipóteses de derrotar o AKP aumentaram significativamente devido ao primeiro bloco de coligação de seis partidos em anos, que apoiou Kemal Kilindaroglu
- O candidato da oposição é um defensor da democracia e é conhecido pela sua retórica anti-corrupção. No entanto, a nível interno, é acusado de ter demasiadas conotações com o "Ocidente" e gostaria de uma maior integração com a UE.
A economia é a questão mais importante
Neste momento, não se fala de guerra ou da NATO na Turquia. O problema mais importante é, de longe, a economia, e os seus problemas foram reforçados pelos terramotos do início de Fevereiro, que causaram a morte de 50 000 pessoas e afectaram 14 milhões de pessoas, ou seja, cerca de 16% da população total. Muitos criticaram o governo por não conseguir lidar com o problema, e o sistema presidencial falhou desde 2018. A oposição quer um regresso a um sistema parlamentar. Ao mesmo tempo, a oposição tem dificuldade em apresentar a sua visão crítica do governo devido ao facto de 90% dos meios de comunicação social serem influenciados pelo partido de Erdogan.
Kilindaroglu anunciou o seu desejo de lutar contra a inflação e de melhorar as condições para o capital estrangeiro no país. A oposição também tem muito menos objecções em relação ao alargamento da NATO, embora, mesmo em caso de vitória de Erdogan, seja provável que a oposição concorde com a adesão da Suécia à NATO. Isso pode acontecer devido à vontade da Turquia de comprar caças aos Estados Unidos. No entanto, o conflito entre a Turquia e os Estados Unidos tem-se agravado nos últimos anos devido ao desejo da Turquia de adquirir um sistema de mísseis à Rússia.
Apoio médio dos candidatos às eleições presidenciais na Turquia. No entanto, a desistência de um dos candidatos nas últimas semanas torna cada vez mais provável a vitória de Kilindaroglu na primeira volta. Fonte: politpro.eu
O mercado começa riscos enormes
Olhando para o comportamento do mercado de opções, vemos que a volatilidade deverá aumentar na próxima semana. A Reversão de Risco Semanal estava a ser negociada perto do nível 15, a leitura mais elevada de que há registo, o que mostra a força com que o mercado está a proteger-se contra um potencial aumento da lira. Ao mesmo tempo, uma vitória da oposição poderia levar a um fortalecimento maciço da lira. A lira perdeu quase 50% do seu valor desde o início de 2022.
Alguns comentaristas acreditam que a permanência do AKP e do Erdogan no poder pode significar a "falência" do país nos próximos meses, dada a contínua retirada de capital estrangeiro do país. Fonte: Bloomberg
Desde outubro, o Banco Central estabilizou a taxa de câmbio da lira, quando tivemos a maior inflação em 24 anos. Apesar disso, a lira continuou a perder valor, embora seja "apenas" uma queda de cerca de 6% desde outubro. Fonte: xStation5
