As ações da Intel subiram mais de 9,5% após relatos de que a Taiwan Semiconductor Manufacturing Co. (TSMC) e a Broadcom estão considerando acordos separados que poderiam dividir a gigante americana de chips em duas entidades. Esse desdobramento dramático marca um momento potencialmente transformador para a indústria de semicondutores, destacando tanto as recentes dificuldades da Intel quanto a evolução do cenário global de fabricação de chips.
Pontos-chave:
- Broadcom está analisando o negócio de design de chips e marketing da Intel.
- TSMC considera assumir o controle de algumas ou todas as instalações de fabricação da Intel.
- As negociações são preliminares e nenhuma oferta formal foi apresentada.
- Qualquer acordo exigiria aprovação do governo dos EUA.
Estrutura Proposta
A possível separação criaria duas operações distintas a partir da estrutura atual da Intel. A Broadcom tem explorado a aquisição do setor de design de chips e marketing, enquanto a TSMC avalia assumir o controle das fábricas da Intel, possivelmente como parte de um consórcio de investidores. Ambas as empresas estão conduzindo estudos de forma independente, e as discussões ainda estão em estágio inicial, sem ofertas formais submetidas ao conselho da Intel.
Cenário Regulatório
A situação chamou a atenção do governo Trump, com o presidente interino do conselho da Intel, Frank Yeary, liderando as conversas com potenciais compradores e autoridades. A Casa Branca indicou que o presidente provavelmente se oporia a qualquer acordo que envolva controle estrangeiro das fábricas da Intel, devido ao papel crítico da empresa na segurança nacional. Essa posição adiciona complexidade a qualquer possível negociação, especialmente no que se refere ao envolvimento da TSMC.
Desafios na Fabricação
A parte da fabricação no acordo enfrenta desafios operacionais significativos. Adaptar as fábricas da Intel para os padrões da TSMC exigiria grandes investimentos e expertise em engenharia. Além disso, restrições imigratórias podem dificultar o envio de engenheiros da TSMC para os EUA, já que muitos dos seus especialistas técnicos vêm de Taiwan e outras regiões fora dos Estados Unidos. O financiamento recente da Intel por meio do CHIPS Act também impõe exigências para que a empresa mantenha a propriedade majoritária de suas instalações de fabricação, o que complica ainda mais a estrutura de qualquer possível acordo.
Contexto de Mercado
A abertura da Intel para mudanças tão drásticas vem após um período desafiador para a empresa. Suas ações caíram cerca de 60% em 2024, resultando na saída do CEO Pat Gelsinger em dezembro. A empresa tem enfrentado dificuldades para acompanhar a TSMC na fabricação de chips avançados e ficou para trás no boom da inteligência artificial, dominado pela Nvidia. Além disso, a crescente concorrência da AMD no setor de processadores tradicionais tem corroído ainda mais sua posição no mercado.
Perspectivas dos Analistas
Os analistas têm opiniões mistas sobre os possíveis acordos. Charles Shum, da Bloomberg Intelligence, alerta que a TSMC pode comprometer sua lucratividade e vantagem competitiva se investir nas fábricas da Intel nos EUA, devido a desafios de integração e lucros adiados até 2027. Já C.J. Muse, da Cantor Fitzgerald, adota uma visão mais otimista, sugerindo que os rumores persistentes sobre a separação entre design e fabricação da Intel têm fundamento.
Preparações em Andamento
A Intel já começou a se preparar para possíveis mudanças estruturais. A empresa passou a operar suas fábricas como unidades separadas, aceitando pedidos tanto das equipes internas de design quanto de clientes externos. Além disso, os resultados financeiros da divisão de fabricação agora são divulgados separadamente, e há planos para estabelecer uma subsidiária com seu próprio conselho de administração. Essa reestruturação pode facilitar investimentos externos na divisão de manufatura, seja por clientes ou por fundos de private equity.
Intel (Intervalo D1)
As ações estão sendo negociadas acima da média móvel de 200 dias e se aproximam da máxima de novembro. Os compradores (bulls) tentarão fechar o gap de agosto em US$ 29, enquanto os vendedores (bears) mirarão um novo teste da média móvel de 100 dias, em US$ 21,98. O RSI continua marcando máximas na zona de sobrecompra, enquanto o MACD segue se ampliando, indicando um forte impulso de alta.
___
O conteúdo aqui disponibilizado não constitui ou deve ser considerado conselho, recomendação, oferta ou solicitação de quaisquer produtos, ou serviços pela XTB. Este material tem caráter exclusivamente informativo. Para saber mais, acesse https://www.xtb.com/br.