Abertura dos mercados
Por Carla Maia Santos, Senior Broker
As bolsas negoceiam mistas depois de um dia dominado pela volatilidade.
As bolsas negociaram em baixa, no dia de ontem, com receios quanto ao abrandamento global da economia. A pesar nas considerações dos investidores, esteve a detenção da directora financeira da Huawei, colocando em causa as, já instáveis relações sino-americanas. A curva flat das yields das obrigações do tesouro americanas de longo prazo e de curto prazo, indicam que poderemos estar no início de uma recessão económica, colocando os investidores de sobre-aviso.
No final do dia saiu uma notícia no WSJ de que Powell poderá não avançar com tantos aumentos das taxas de juro para 2019, como previsto, sendo possível ficar mesmo só numa subida anual. Os mercados reagiram em alta, tendo o S&P500 reagido em alta no forte suporte dos 2620 pontos.
Hoje o mercado aguarda a apresentação dos dados do emprego norte-americano. A economia norte-americana encontra-se em pleno emprego e os investidores preferem averiguar a evolução dos salários, pois é um indicador que tem impacto na inflação e consequentemente nas taxas de juro. Se os salários aumentarem mais do que o esperado, por um lado, aumenta o poder de compra da população e por outro lado, as empresas terão que reflectir o aumento das despesas com ordenados no aumento do preço dos bens, levando ao aumento generalizado dos preços, inflação. Para controlar a inflação, a FED poderá ter que aumentar as taxas de juro. Oaumento das taxas de juro, torna o capital mais caro, reflectindo-se normalmente de forma negativa nas bolsas.
Da reunião da OPEP, ontem surgiram valores de redução de produção que ficaram aquém do esperado. No entanto, a reunião estende-se para o dia de hoje com a Rússia, podendo trazer bastante volatilidade ao preço do ouro negro.
Em Portugal, o sector do retalho domina os ganhos em bolsa, com a Sonae SGPS e a Jerónimo Martins a impulsionarem o PSI20. Espera-se neste mês festivo, que as vendas aumentem, levando o sector a reagir em alta.
Ações
Por José Correia, Senior broker
Deutsche Bank (DBK.DE) - Está envolvido no maior esquema de lavagem de capital de sempre, tendo alegadamente processado cerca de 31 mil milhões de euros para o Danske Bank na Estónia. Neste momento o banco alemão está 'na berlinda' em várias frentes, tendo o departamento de justiça norte americano muito interesse em perceber o papel do banco alemão neste processo e também no conhecido caso Panamá papers, no qual se suspeita que o Deutsche Bank tenha auxiliado clientes russos a extrair capital dos EUA. A cotação do ativo tem vindo a desvalorizar de forma consistente, e apresenta nova oportunidade para entradas vendedoras no ativo, apontando aos 7.5 euros.
Matérias Primas
Por Eduardo Silva, Head of Sales
O impasse nas negociações da OPEP + estão a criar uma grande volatilidade no petróleo no curto prazo. Hoje se a Rússia concordar em juntar-se ao grupo da OPEP e anunciarem um corte na produção acima de 1.4 MBD devemos assistir a um forte disparo no WTI que pode de imediato testar a resistência que destaco no gráfico, que é o retest do canal que foi quebrado. No entanto se não desbloquearem este impasse, será um sinal claro de falta de coesão no grupo, e nesse caso mesmo que anunciem cortes, se for abaixo de 1 MBD ou nem mencionarem um valor, um teste dos 61.8 de fibo pode ser rapidamente registado. Têm a palavra, aguardamos instruções.
Análise da semana
Por Pedro Amorim, Senior Broker
Os mercados acionistas europeus tiveram o seu pior desempenho desde o anúncio do Brexit em junho de 2016, com perdas superiores a 3% . Os mercados fizeram uma pausa na quarta-feira com os mercados dos EUA fechados, mas o selloff global de ações continuou. O preço dos ativos sem risco aumentou, mas não foi o único fator de risco
A detenção da CFO da Huawei no Canadá provocou algum clima de conflito diplomático com os EUA a quererem a sua extradição O aumento da volatilidade tomou conta do resto do dia, já que não havia dados europeus para acalmar os investidores. A curva das taxas de juro das obrigações da alemanha ficou achatada com alterações que variam de -1,8 pontos base (a 2 anos) a -5,1 pontos base (a 30 anos).
No período que antecedeu a abertura nos EUA, aumentou ainda mais a volatilidade. O presidente da Fed teve um tom cauteloso sobre o crescimento dos EUA e pediu paciência aos agentes de mercado. Fontes diferentes sugerem que a FED tem que ter uma nova mentalidade e esperar para ver, depois sim pensar num aumento das taxas de juro na próxima reunião de 18 a 19 de dezembro. Ou seja, A FED prepara já outro aumento da taxa de juro.
A melhoria do sentimento nos mercados dos EUA continuou na Ásia nesta manhã, com os principais pontos de referência nas ações da Ásia-Pacífico a subirem no final da última sessão da semana, com a China está em contra-ciclo.
O Índice de Hong Kong teve uma semana bastante negativa. Os targets dos analistas dos bancos de investimento internacionais apontam para uma correção em alta na próxima semana, próximos dos 27 000 pontos. O Stop loss desta posição longa deve ficar nos 25 700.
A OPEP reúne hoje novamente em Viena ainda com o tema principal de um possível corte na produção. Fontes confirmaram o acordo de um corte de 1 milhão de barris por dia, havendo a reunião decisiva do comité no dia de hoje. A Rússia tem uma reunião bilateral com o ministro da Energia da Arábia Saudita tendo um efeito pessimista sobre um acordo que está para ser feito.
Com estes riscos enumerados, vimos claramente o aumento do preço dos ativos sem risco.
Neste momento, em termos técnicos, estão em zonas de resistência. Existe pressão nos bancos centrais para aumentar as taxas de juro de referência, tanto a FED nos próximos meses ou semanas, como o BCE em meados de junho do próximo ano.
Nestes ativos, TNOTE e BUND10Y, a ideia será fazer posições curtas com um target nos 50% de correção do último movimento impulsivo. No BUND10Y o target seria 160.57 e no TNOTE seria 119.27. O Stop loss seria acima da resistência.
Os mercados esperam que sejam criados 199 mil novos empregos em novembro, em comparação com os 250 mil do mês anterior.
Estima-se que a taxa de desemprego (3,7%) e os ganhos semanais (0,3% M / M, 3,1% Y / Y) sejam estáveis.
Nós não esperamos surpresas e, se houver, elas precisarão ser grandes para abalar ainda mais os investidores. O Canadá junta-se aos EUA na publicação de dados sobre o trabalho.
Usando o EURCAD e EURUSD para tirar proveito do calendário económico de hoje, a nível técnico, os gráficos diários estão em pontos importantes.
O EURCAD testou um valor (1,53) que corresponde a um máximo relativo anterior e rapidamente desvalorizou. Em baixo vimos o gráfico de 4 horas que nos pode ajudar a perceber. A decisão da reunião da OPEP vai ser determinante, mas se houver um corte na produção, vamos ver o EURCAD a mergulhar. Dados do trabalho positivos no Canadá, ajudarão também esse fator.
A ideia será fazer uma ordem pendente de venda um pouco mais em baixo (1.51875) com um target no último mínimo relativo (1.49725). O Stop loss acima da resistência (próximo dos 1.53381).
No EURUSD, se os dados do NFP forem abaixo do esperado, vamos ver o aumento da força compradora (por força da desvalorização do USD) como temos visto nos últimos 2 dias.
Neste momento está a consolidar, mas segundo alguns targets dos maiores bancos de investimento, apontam valores próximos dos 1.17 nos próximos tempos.
Em termos técnicos resistiu a um suporte nos níveis entre os 1.12 e 1.13, e parece formar uma nova tendência a longo prazo.
Para já, o target fica apontado nos 1.15. Nesta posição longa, o stop loss seria os 1.125.