As ações da Johnson & Johnson (JNJ.US) estão sob pressão na sequência de um revés legal significativo, dado que um juiz federal de falências rejeitou a terceira tentativa da empresa de utilizar o processo de falência para resolver milhares de processos relacionados com o talco. Esta decisão fez com que as ações caíssem até 5,6% num único dia, marcando a maior queda intradiária desde março de 2020, e forçando o gigante dos cuidados de saúde a lutar contra estes casos individualmente em tribunais de todo o país.
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O litígio do talco cria uma incerteza significativa
O juiz de falências dos EUA, Christopher Lopez, rejeitou a estratégia de falência da J&J para resolver cerca de 60 mil queixas que alegavam que o seu pó de talco para bebés causava cancro do ovário. Com esta decisão, a J&J terá de enfrentar litígios individuais, o que poderá resultar em mais de 90 mil ações judiciais. Embora a J&J tivesse anteriormente reservado 9 mil milhões de dólares para as vítimas, a Bloomberg Intelligence sugere que os custos poderão atingir 11 mil milhões de dólares se 70% dos queixosos chegarem a acordo. Apesar destas preocupações, os executivos da J&J mantêm a confiança na orientação da empresa para 2025 e nas projeções para 2025-2030, com planos para prosseguir estratégias legais em tribunal federal, onde acreditam que os queixosos não conseguem suportar o ónus da prova da validade científica.
Investimento estratégico na produção nos EUA
Num aparente movimento de alinhamento com as prioridades de reshoring da administração Trump, a J&J anunciou recentemente planos para investir mais de 55 mil milhões de dólares na produção nos EUA durante os próximos quatro anos. Este investimento inclui uma nova instalação no valor de 2 mil milhões de dólares na Carolina do Norte, que deverá criar mais de 500 postos de trabalho permanentes. O anúncio segue-se a medidas semelhantes de concorrentes como a Eli Lilly, uma vez que as empresas farmacêuticas enfrentam potenciais tarifas de 25% sobre os medicamentos importados e uma pressão crescente para transferir as operações de fabrico para os EUA.
Crescimento através de aquisições e desenvolvimento de pipeline
A J&J concluiu a aquisição da Intra-Cellular Therapies por 14,2 mil milhões de dólares, tendo adquirido o antipsicótico Caplyta para a sua carteira de produtos de neurociência. A empresa espera que esta aquisição impulsione o crescimento das vendas em 2025 em cerca de 0,8%, o que equivale a cerca de 700 milhões de dólares em vendas adicionais. Entretanto, os dados clínicos mostram que a combinação Rybrevant + Lazcluse da J&J proporciona uma sobrevivência superior em doentes com cancro do pulmão em comparação com as terapias concorrentes, com projeções que sugerem que a combinação pode prolongar a sobrevivência global mediana em pelo menos 12 meses numa doença em que apenas 20% dos doentes vivem atualmente mais de cinco anos.
Desafios adicionais e perspectivas de mercado
Além do litígio do talco, a J&J enfrenta um julgamento de 1,64 mil milhões de dólares contra a sua unidade Janssen por alegada comercialização não autorizada de medicamentos contra o VIH e a iminente perda de exclusividade do Stelara, que gerou 10,4 mil milhões de dólares em vendas em 2024. A empresa tem também de lidar com potenciais tarifas farmacêuticas e com uma reestruturação mais alargada no HHS. Apesar destes desafios, alguns analistas continuam cautelosamente otimistas, com a TD Cowen a manter a sua classificação de compra e a sugerir que "qualquer fraqueza das ações em resposta à decisão de segunda-feira será limitada e, em última análise, de curta duração". As ações têm enfrentado dificuldades no último ano, com uma queda de 8,8% nos 12 meses anteriores ao último revés, uma vez que os investidores ponderam as preocupações com os litígios relacionados com as aquisições estratégicas da empresa e o seu potencial de produção.
Avaliação
A um preço atual de 155,36 dólares, a Johnson & Johnson negoceia com prémios moderados em relação aos seus pares farmacêuticos, com um P/E de 20,37, contra uma mediana da indústria de 12,19, e um P/E a prazo de 13,80, em comparação com uma mediana de 8,83. Este prémio reflete o modelo de negócio estável da JNJ e os fluxos de receitas diversificados.
Avaliação comparativa
Em comparação com as suas congéneres (Abbvie, Merck, Pfizer), a JNJ apresenta um posicionamento misto: está acima da mediana em P/E (20,37 vs 12,19), ligeiramente acima em P/BV (5,16 vs 4,75), está em linha em P/S (4,16 vs 4,03 média) e está mais elevado em P/FCF (18,63 vs 14,14 mediana).
As avaliações baseadas na média sugerem preços potenciais entre 117,10 e 1.146,90 dólares, enquanto os modelos mais conservadores baseados na mediana indicam entre 91,73 e 141,23 dólares. As abordagens ponderadas por capitalização sugerem preços entre 129,60 e 1.690,91 dólares, com a maioria das metodologias a indicar uma subavaliação.
Fonte: Bloomberg Finance LP, XTB
Research DCF Valuation
A nossa análise do WACC terminal sugere que a JNJ parece razoavelmente avaliada se mantiver um crescimento terminal das receitas de 3,3-3,7% com um WACC de 7,8-8,2%, o que implica uma avaliação de $244,08-$254,80. A análise da margem operacional sugere que as margens de 15-17% sobre um crescimento das receitas de 20-22% suportariam o atual intervalo de preços.
A Johnson & Johnson parece estar moderadamente subvalorizada a $155,36. A nossa avaliação baseada no DCF sugere um valor justo de 235-255 dólares, o que implica uma subida de 51-64%, assumindo um crescimento terminal de 3,3-3,7% e um WACC de 7,8-8,2%. A JNJ oferece aos investidores a longo prazo um equilíbrio atrativo entre estabilidade, rendimento e um potencial de crescimento modesto.
Fonte: Bloomberg Finance LP, XTB Research
Fonte: Bloomberg Finance LP, XTB Research
Johnson & Johnson (D1)
A ação está sendo negociada acima do nível de retração Fibonacci de 23,6%, que tem atuado como um forte apoio. Enquanto isso, o nível de retração Fibonacci de 38,2% é esperado para servir como uma zona de forte resistência. O RSI está em divergência de baixa de curto prazo, formando uma baixa mais baixa, enquanto o MACD está ampliando após um cruzamento de baixa.
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