As ações da Repsol caíram quase 30% no último ano, principalmente devido às fortes quedas nos preços do petróleo bruto. Mas atenção: diversas tendências podem impulsionar os preços do petróleo novamente no médio prazo. No entanto, a estratégia da Repsol não convence parte do mercado. O que podemos esperar da Repsol?
O petróleo continua sendo o rei da energia
Ao contrário do que muitos acreditam, a realidade é que o petróleo ainda é a principal fonte de energia do mundo, representando mais de 30% do consumo energético global, seguido pelo carvão. Na verdade, o consumo global de petróleo cresceu a uma taxa anualizada de 1,9% entre 1965 e 2023, embora esse ritmo tenha desacelerado para 0,95% ao ano desde 2013. Ainda assim, a importância relativa do petróleo está diminuindo, com o crescimento mais acelerado de outras fontes, como as renováveis. De qualquer forma, ele continua sendo fundamental para a nossa economia — e deve permanecer assim nos próximos anos.
Tanto é que a demanda por energia continuará crescendo em ritmo acelerado em continentes como América do Sul e Ásia, impulsionada pela melhora nas condições de vida e pelo aumento generalizado do consumo energético. Para citar exemplos específicos, China e Índia aumentaram seu consumo de energia a taxas anualizadas de 5,6% e 3,4% desde o ano 2000. Atualmente, o consumo de energia primária per capita é de 33.267 kW na China e de apenas 7.586 kW na Índia — uma diferença que deve diminuir consideravelmente nos próximos anos.
Expectativas para o preço do petróleo
No curto prazo, espera-se que os preços do petróleo bruto permaneçam abaixo dos 70 dólares por barril, o que provavelmente levará a uma redução nos investimentos por parte das empresas do setor. Na verdade, aquelas com menor preço de equilíbrio serão as vencedoras no futuro, à medida que a concorrência diminuir. No caso da Repsol, esse preço de equilíbrio gira em torno de 50 dólares por barril, o que significa que, mesmo nesses níveis de preço, a empresa ainda pode operar com lucro.
Modelo de negócios da Repsol
O modelo de negócios da Repsol pode ser dividido nos seguintes segmentos:
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Exploração e produção: inclui a parte de upstream (9,1% da receita).
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Industrial: engloba atividades de refino de petróleo, petroquímica e trading (57,2% da receita).
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Cliente: contempla o negócio de postos de serviço, comercialização de combustíveis como gasolina e querosene de aviação, além da venda de eletricidade e gás. É o braço comercial da Repsol (32,9% da receita).
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Geração de energia de baixo carbono: refere-se à geração de eletricidade a partir de fontes renováveis e ciclo combinado (0,8% da receita).
Apesar disso, observamos que a Repsol tem dado grande ênfase à geração de energia com baixa emissão de carbono, mesmo que os retornos ainda sejam baixos. Não compreendemos totalmente esse compromisso com as renováveis, considerando que o setor tem recebido um volume significativo de capital — o que, historicamente, tende a reduzir a rentabilidade.
Isso também pode ser observado na redução da produção de hidrocarbonetos, que, juntamente com a queda nos preços dessas matérias-primas, está provocando uma diminuição nas receitas da empresa.
Avaliação das ações da Repsol
Os resultados do primeiro trimestre de 2025 da Repsol confirmaram a esperada fraqueza diante da queda nos preços do petróleo. A receita recuou 4,7%, enquanto o EBITDA caiu 26%, refletindo o impacto da alavancagem operacional.
Diante disso, foram desenvolvidos dois cenários para calcular o preço-alvo das ações da empresa: um com foco em 2025 e outro com projeções normalizadas.
O preço-alvo foi estimado com base no múltiplo EV/EBITDA. Embora não haja potencial de valorização para 2025, o cenário com números normalizados aponta alguma atratividade. A margem de segurança é estreita, mas a ação deve ser monitorada de perto caso ocorra uma alta nos preços do gás natural ou do petróleo.
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