Apple entre hardware e serviços: prévia do balanço do 3º tri fiscal de 2025

10:31 31 de julho de 2025

Previsões-chave

  • Receita esperada no 3º tri fiscal de 2025: entre US$ 89,1 e US$ 89,3 bilhões (+3,7% a 4,2% em relação ao ano anterior)

  • Lucro por ação (LPA): entre US$ 1,42 e US$ 1,43 (+1,4% em relação ao ano anterior)

  • Receita com iPhones: entre US$ 40,1 e US$ 40,6 bilhões (+2,2% a 3,3% a/a)

  • Receita com serviços: entre US$ 26,9 e US$ 27,0 bilhões (+10,7% a 11,3% a/a)

  • Margem bruta: entre 45,5% e 46,5% (vs. 47,1% no 2º tri)

  • Impacto tarifário: -US$ 900 milhões

  • Desempenho das ações no ano: queda entre -13% e -20%

Desafios principais: tarifas e cadeia de suprimentos

A Apple está no centro da nova disputa tarifária da administração Trump. O presidente ameaça impor tarifa de 25% sobre iPhones fabricados fora dos EUA, o que poderia elevar o preço ao consumidor em até US$ 3.500. Fabricar iPhones no território americano reduziria drasticamente as vendas devido ao custo proibitivo.

Como resposta, a Apple está acelerando a transferência de produção da China para a Índia, onde já fabrica cerca de 20% dos iPhones. A meta é que a maior parte dos iPhones vendidos nos EUA venha da Índia até o fim de 2026. No entanto, a produção indiana é de 5% a 10% mais cara, e a transferência de conhecimento técnico enfrenta entraves devido às restrições chinesas ao deslocamento de engenheiros.

Paradoxalmente, esse movimento pode não eliminar os riscos: Trump também cogita tarifas de 25% sobre a Índia. Mesmo assim, a estratégia deve prosseguir, já que mais de 70% dos iPhones vendidos nos EUA já são de origem indiana. Como a maioria das vendas ocorre por assinatura via operadoras, o impacto no custo mensal ao consumidor seria marginal.

Atrasos na estratégia de IA

A Apple está atrasada na corrida da inteligência artificial. Enquanto Microsoft, Google e Meta investem dezenas de bilhões em infraestrutura de IA, a Apple destina apenas US$ 12 bilhões por ano em Capex — contra mais de US$ 80 bilhões dos concorrentes.

O serviço Apple Intelligence ainda não foi lançado e a atualização da Siri foi adiada para 2026. A empresa também perde talentos em IA para concorrentes como a Meta e a OpenAI. Sua abordagem focada em privacidade limita o desenvolvimento de soluções de IA em nuvem, enquanto rivais constroem data centers com chips da Nvidia.

Transformação em empresa de serviços

Por outro lado, o segmento de serviços da Apple mostra crescimento robusto, tornando-se o principal impulsionador das margens. A receita saltou de US$ 53,77 bilhões em 2020 para US$ 96,17 bilhões em 2024, com crescimento médio anual de 12,3%. O setor responde por cerca de 21% da receita total e apresenta margens superiores às do hardware.

A empresa superou 1 bilhão de assinaturas pagas e a receita da App Store por download quase dobrou, chegando a US$ 0,98. Essa tendência ajuda a sustentar margens recordes, mesmo com queda nas vendas de iPhones.

Perspectivas e riscos

Analistas projetam um “trimestre sólido”, impulsionado pela demanda na China e compras antecipadas antes das tarifas. Contudo, o cenário de longo prazo inspira cautela. A ausência de uma estratégia clara de IA, combinada com valuation elevado (P/L próximo de 40) e baixo crescimento, torna as ações vulneráveis a correções.

Estima-se que a Apple tenha cerca de 1 ano e meio para apresentar uma estratégia convincente de IA antes que isso afete as vendas de iPhones. Enquanto isso, a OpenAI está desenvolvendo seu próprio dispositivo de hardware em parceria com Jony Ive, ex-designer da Apple.

A Apple continua sendo a terceira empresa mais valiosa do mundo, com valor de mercado de US$ 3,2 trilhões. No entanto, sua dominância no segmento premium está sob ameaça devido à intensificação da concorrência em IA e às tensões comerciais globais.

Desde maio, as ações permanecem em consolidação, enquanto o mercado em geral não só recuperou perdas, como também vem renovando máximas históricas dia após dia.

 

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