A quinta-feira foi muito turbulenta para os mercados financeiros, como dólar a depreciar e a maioria dos índices de ações pressionadas pelo pessimismo em relação à pandemia e aos comentários de Trump sobre a data das eleições. No entanto, o sentimento mudou após a publicação de resultados trimestrais das gigantes tecnológicas Facebook, Apple, Amazon e Alphabet (Google).
Num trimestre em que a economia dos EUA contraiu 9,5% y/y, é surpreendente que todas estas tecnológicas tenham sido capazes de melhorar substancialmente os seus resultados em comparação com o período homólogo do ano passado. A publicação mais impressionante foi a da Amazon, cujos lucros de 10,3 dólares por ação foram quase sete vezes superiores à expectativa do mercado (exp. US $ 1,46). A empresa reportou ainda receita de US $ 88,9 mil milhões (exp. US $ 81,24 mil milhões) e prevê vendas líquidas no terceiro trimestre na faixa de US $ 87 a 93 mil milhões.
O Facebook reportou um EPS de US $ 1,80 (exp. US $ 1,39) e receita de US $ 18,68 mil milhões (exp. US $ 17,4 mil milhões). A receita de anúncios chegou a US $ 18,3 mil milhões (exp. US $ 16,8-17,3 mil milhões)
A Alphabet reportou um EPS ajustado de US $ 10,13 (exp. US $ 8,21) e receita de US $ 38,9 mil milhões (US $ 37,37 mil milhões). Empresa aprovou a recompra de ações de US $ 28 mil milhões (classe C)
A Apple reportou EPS de US $ 2,57 (exp. US $ 2,07) e receita de US $ 59,69 mil milhões (exp. US $ 52,30 mil milhões). A empresa anunciou um desdobramento de ações de 4 - 1.
Em reação a estas publicações, o US100 voltou a estar, ontem, perto dos 11000 pontos. Ainda assim, a sessão europeia inicia o último dia de negociações desta semana com movimentos tímidos.
Não há, ainda, acordo sobre o próximo programa de estímulo dos EUA. No entanto, Mnuchin diz que as negociações continuarão esta sexta e sábado.
Ontem, em Tweet, Trump declarava a sua preocupação com relação aos constrangimentos da pandemia e risco de fraude na opção por votação por correio. O seu tweet foi interpretado como uma sugestão de adiamento das eleições nos EUA agendadas para novembro, o que aumentou a volatilidade nos mercados.
Cerca de metade dos estados dos EUA permitem que qualquer eleitor registado vote por correio, mediante solicitação. A esta forma de voto dá se o nome de Absentee voting, à qual o presidente não se opõe. No entanto, muitos estados dos EUA querem facilitar a votação por correspondência generalizada (mail-in voting) devido às preocupações de saúde pública com a pandemia do coronavírus. Este formato, segundo o presidente, poderia dar azo a fraudes.
Para que as eleições fossem adiadas, seria preciso que o Congresso aprovasse tal medida por maioria. No entanto, a Câmara dos Deputados é controlada pelos democratas, e o Senado, é controlado pelos republicanos, o que torna o cenário de adiamento improvável. Em esclarecimento, Trump confirma não desejar que as eleições sejam adiadas, mas sim que sejam feitas de forma segura e honesta. No entanto, ficará nas mãos de ambos os partidos a forma de salvaguardar tanto a saúde pública quanto a integridade das eleições.
Quanto ao calendário económico, a agência de notação financeira Moody’s tem agendada para hoje uma possível reavaliação de rating da Alemanha. Para além disso, a DBRS poderá pronunciar-se sobre a Irlanda e a Áustria.
Hoje é dia de publicação do PIB de outros países europeus. A Espanha publicou às 8:00, mostrando uma contração de 18,5% no PIB (exp. -16,1%) e às 9:00 será a vez da Ítália (exp. -15%).
Às 10:00 será publicado o PIB da Zona Euro. Os investidores poderão querer esperar por esta publicação para definirem alguma tendência de curto prazo.
À tarde, também o Canadá publicará o seu PIB, prevendo-se uma recuperação de 3,5% (depois de uma contração de 11% no mês passado).
Mais de 280.000 novos casos de coronavírus foram reportados ontem pelo segundo dia consecutivo. Fonte: worldometer, XTB
Miguel Ciobanu, Analista na XTB