O ouro entrou em colapso na segunda semana de agosto. Mas os compradores acabaram por não se conseguirem manter na zona do máximo histórico junto dos US $ 20070 por onça.
Desde então o ouro tem vindo a recuperar e tem estado a ser negociado de forma lateral, já desde a segunda metade de agosto.
Fica então a questão, será que o ouro tem força para atingir ainda novos máximos históricos este ano?
A última vez que os mídia abordaram o tema relacionaram logo com o ouro e isto fez com que os investidores voltassem a ficar ainda mais atentos a este metal precioso.
Há também muitos bancos de retalho e instituições financeiras que indicam que o preço do ouro deve continuar a subir no longo prazo. O Goldman sachs já fez previsões sobre o ouro onde ultrapassa bem acima da barreira dos $ 2.000 a onça no final deste ano, o Citigroup vê ouro a poder valorizar até perto dos $ 2.300 a onça no primeiro semestre do próximo ano e a JP Morgan vê ouro que poderá valorizar até aos $ 3.000 a onça nos próximos dois a três anos. No entanto, também há previsões segundo as quais o preço do ouro aumentará para US $ 5.000 e até US $ 10.000 a onça.
Ao mesmo tempo, esses analistas indicam que o nível de $ 10.000 representará a queda do dólar americano como moeda de reserva e o resto do mundo acabe por refugiar-se, por ex. no franco suíço. É claro que esses cenários ainda estão muito distantes, mas vale a pena considerar o que poderá causar uma maior valorização nos preços do ouro agora e num futuro próximo.
Procura de investimento e bancos centrais
Temos vindo a dizer muitas vezes, no ano passado e neste ano, que poderia surgir uma recuperação significativa na procura por investimento, principalmente de ETFs e bancos centrais, levaria a fortes aumentos de preços a longo-prazo. É claro que a pandemia levou a uma aceleração significativa de todo o processo e, ao mesmo tempo, acrescentou também o facto de ter existido uma política monetário bastante flexível por parte dos bancos centrais. A escala de flexibilização é agora significativamente maior do que durante a crise financeira anterior. O forte programa de QE em 2008-2011 levou a um aumento significativo no preço do ouro. Numa altura em que surgiram especulações sobre preços mais altos do ouro, e em particular desde 2014, o ouro começou a cair fortemente. Atualmente, não parece que nos próximos anos haverá conversas sobre potenciais aumentos de preços e haverá cada vez mais dinheiro no mercado. Portanto, as bases para novos aumentos de preços são bastante fortes.
A parcela de investimento e da procura dos bancos centrais começou a recuperar a partir do segundo semestre de 2017. Atualmente, essa parcela é de aprox. 55%, o maior desde 2012, quando os bancos centrais se tornaram os maiores compradores. A alta participação das instituições e dos investimentos na procura deve ser mantida para que os preços continuem a subir. Fonte: WGC, XTB
Estagnação na procura
Este ano é bastante especial em termos de política monetária. Parece que, em face da inflação alta, os bancos centrais, especialmente os dos países emergentes, têm estado à procura de comprar ouro. Este ano, os bancos centrais compraram até agora 388 toneladas de ouro. Isso é quase metade do que os bancos compraram no ano passado. No entanto, os detalhes mostram que a grande maioria das compras vem da Turquia. Além disso, cerca de 170 toneladas da procura da Turquia vêm de bancos comerciais. O World Gold Council trata o ouro mantido por bancos comerciais como reservas nacionais. Esses bancos detêm ouro como reservas obrigatórias.
É importante de notar que os bancos de países como a Rússia (uma das maiores compras, cerca de 20 toneladas), Índia e China basicamente pararam de comprar. Pode ser que, a esta altura, o ouro seja simplesmente caro demais para acumular nas reservas. Por outro lado, após uma pausa temporária, os ETFs começaram a acumular mais reservas novamente.
Em termos de ETFs, começaram a comprar ouro novamente. No entanto, esses ganhos não são tão fortes quanto antes. Fonte: Bloomberg
É importante notar, no entanto, que aprox. metade da procura da Turquia vem de reservas de bancos comerciais. Fonte: WGC
