13:27 · 6 de outubro de 2025

Dívida pública: demasiado grande para falir - poderá a França manter-se de pé?

Principais conclusões
FRA40
Índices
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Principais conclusões
  • A demissão do Primeiro-Ministro Sébastien Lecornu expõe uma profunda disfunção política e uma instabilidade sem precedentes em França.
  • A França enfrenta um risco de dívida sistémica de 3 345 mil milhões de euros, taxas de juro crescentes e um ambiente de mercado frágil, agravado pela desconfiança dos investidores.
  • A nação oscila entre a paralisia política e a vulnerabilidade financeira, estando atualmente em jogo a credibilidade do Estado e a confiança na democracia.

A demissão de Sébastien Lecornu do seu cargo de primeiro-ministro, aceite esta manhã por Emmanuel Macron, não é apenas um episódio governamental de rotina. É o sinal de uma profunda disfunção na vida política francesa, de um poder executivo que está a vacilar e de uma confiança colectiva que está a desaparecer. Em apenas alguns dias, o governo recém-empossado implodiu sob o peso das críticas e das contradições.

Esta saída repentina, num momento em que o país procura uma orientação orçamental e social clara, mergulha a França numa instabilidade política sem precedentes desde o início do segundo mandato de Emmanuel Macron. O Presidente enfrenta agora uma parede: nomear urgentemente um novo Primeiro-Ministro, dissolver uma Assembleia Nacional já fragmentada ou assumir - pelo menos simbolicamente - a responsabilidade pelo atual impasse.

As consequências são imediatas. As viagens ministeriais são canceladas, as decisões são suspensas e os mercados financeiros, inquietos, já estão a castigar a situação: o CAC 40 caiu quase 2% esta manhã, com os bancos franceses na linha da frente. O executivo parece paralisado, enquanto a opinião pública assiste, cansada, a um espetáculo político que se tornou quase rotineiro na sua crise permanente.

Tensões sobre a dívida francesa: um risco sistémico

A França encontra-se numa posição delicada: os elevados défices orçamentais, a instabilidade política e a crescente desconfiança dos investidores criam um cocktail tóxico. Em setembro de 2025, a dívida pública atingiu 3 345 mil milhões de euros, ou seja, 114% do PIB, o valor mais elevado da zona euro. Os défices continuam a ser preocupantes: 5,8% do PIB em 2024 e 5,4% previstos para 2025.

As taxas de juro têm vindo a subir desde 2024: a taxa das obrigações do Tesouro a 10 anos situa-se atualmente em 3,60%, uma barreira crítica que não deve ser ultrapassada, com receio de um ataque à dívida francesa. O CAC 40 também está a sofrer com a tensão, apesar das suas componentes de orientação internacional. O rendimento francês a 10 anos ultrapassa os de Espanha, Portugal e mesmo da Grécia; o rendimento a 30 anos atinge 4,45%, níveis que não se verificavam desde novembro de 2011. O diferencial com a Alemanha atinge 0,87, um máximo desde 2012, agravado pela descida da notação soberana pela Fitch e pela instabilidade política persistente. Todos os governos que tentaram reduzir o défice foram destituídos, o que faz temer que, em 2026-2027, o custo da dívida pública possa ultrapassar o orçamento nacional da educação (66 mil milhões de euros contra 64 mil milhões de euros).

Neste contexto, a prudência é essencial. Felizmente, a conjuntura técnica do mercado mantém-se relativamente estável, apoiada pelos índices americanos reforçados pelo índice de volatilidade (VIX) e por um dólar em queda constante. Mas em caso de inversão e de efeito de contágio, as consequências para os mercados financeiros franceses poderiam ser catastróficas. É este o momento crucial que os investidores mais temem.

Um ponto de viragem político?

Seja qual for a via política escolhida, a conclusão é clara: a demissão de Sébastien Lecornu não é um acidente, mas sim o sintoma de um sistema em fim de vida, incapaz de se regenerar a não ser através da crise. Os governos caem, as maiorias desmoronam-se, os cidadãos desiludem-se... A França oscila entre a paralisia política e a desconfiança colectiva.

Atualmente, já não é apenas o destino de um primeiro-ministro que está em jogo, mas a própria credibilidade do Estado e a confiança na democracia. Suspensa por uma decisão presidencial, a nação encontra-se à beira de um precipício, com a dívida a ameaçar transformar um choque político numa tempestade sistémica. A França, demasiado grande para falir, tem agora de provar que ainda pode manter-se de pé.


 

 

Sem surpresa, o CAC 40 abriu em baixa de 2%, contudo, tem conseguido recuperar parte das quedas. Fonte : xStation.


Antoine Andreani, Head of Research at XTB França


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