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13:05 · 25 de novembro de 2025

Está a formar-se uma bolha da IA? Análise, riscos e impacto no mercado

Igor Omilaev / Unsplash
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A discussão sobre uma possível bolha da IA ganhou força no final de 2025, impulsionada por avaliações recorde, valorizações impressionantes, investimento massivo em infraestrutura e expectativas de crescimento quase ilimitadas.

Existem alguns argumentos que levantam a questão de uma possível "bolha na IA", principalmente ao considerarmos o investimento agressivo e sem precedentes em infraestrutura, nomeadamente: data centers, chips, processadores, cabos de alta velocidade, soluções de arrefecimento e software de compilação de dados.

A grande dúvida reside na incerteza sobre o retorno efetivo deste capital alocado.

O que é uma bolha no mercado financeiro?

Uma bolha no mercado financeiro ocorre quando o preço de um ativo sobe muito acima do seu valor real, sobretudo devido ao entusiasmo e à expectativa de ganhos rápidos. Esse otimismo exagerado faz os preços dispararem sem um fundamento sólido, até que o mercado acaba por corrigir esse excesso. Quando a bolha rebenta, os preços caem de forma rápida e acentuada, com muitas pessoas a tentar vender ao mesmo tempo.

Em termos simples, uma bolha no mercado financeiro ocorre quando os preços se afastam drasticamente dos fundamentos. No caso da IA, a questão central não é a tecnologia, mas o retorno económico real do investimento, o que tem questionado muitos investidores se de facto existe uma bolha ou não

Como a possível bolha da IA difere de outras bolhas históricas?

A dinâmica atual difere bastante de bolhas históricas (como a Dot-com ou o Subprime). As empresas que estão a impulsionar esta "febre" nos mercados financeiros (as construtoras de infraestrutura e componentes) apresentam, na sua maioria, métricas de crescimento impressionantes e fundamentos robustos. Os seus lucros, receitas e margens continuam a escalar, o que, em grande parte, justifica as suas elevadas valorizações.

A verdadeira questão de uma "bolha" não se prende com as fornecedoras de infraestrutura, mas sim com as grandes empresas utilizadoras, as famosas “big tech” (Apple, Microsoft, Amazon, Alphabet, Meta, Nvidia, Tesla) que estão a injetar biliões. Se então se verificar que todo este investimento de capital (CapEx) não resultar na desejada monetização e eficiência, ou seja, se a aplicação da IA não gerar os frutos e retornos esperados, então sim, poderá haver uma bolha, embora possa manifestar-se mais como uma correção para valores que reflitam o retorno real do investimento.

Adicionalmente, o P/E (Price-to-Earnings) forward do S&P 500 encontra-se em níveis historicamente altos, sinalizando que as expectativas de lucros futuros já estão no seu máximo. Esta elevada expectativa, em conjunto com a possibilidade de a economia global estar a atingir o seu pico de crescimento, cria um ambiente onde a desilusão pode levar a uma correção substancial no curto prazo.

Qual é o papel da Nvidia na bolha da IA?

Logótipo da Nvidia em fundo com data centers a representar o papel da empresa na bolha da IA
Mariia Shalabaieva / Unsplash

A Nvidia pode ser o “capitão” de toda esta euforia, visto que a maior parte das empresas deste setor está diretamente ligada à Nvidia. O mesmo se aplica à IA: quando se fala em inteligência artificial, estamos, indiretamente, a falar da Nvidia, pois a empresa está envolvida em praticamente tudo o que diz respeito à IA.

Assim, caso os fundamentos de crescimento da Nvidia comecem a deteriorar-se isso será claramente um sinal de alarme e de que a corrida à IA está a abrandar, algo que ainda não se verificou. Portanto, ela pode servir como um barômetro para o estado do setor.

Qual seria o impacto de uma correção na “bolha da IA”?

Caso houvesse uma correção gerada pela fraqueza das ações de tecnologia ligadas à IA, poderia levar a uma correção geral em todos os ativos.

Temos que ter noção que as ações de tecnologia têm um grande peso sobre os índices norte-americanos, como tal um abrandamento nesta indústria e expectativas piores, poderiam levar a correções agressivas, como também passar esse sentimento para a maior parte dos outros setores e ativos. Contudo, devemos ter noção que ainda não existem indícios concretos que existe bolha e que a mesma vai rebentar.

Há risco real de estouro?

A probabilidade de uma “explosão” clássica (como a da Dot-com de 2000) é baixa, mas a chance de uma correção em 2026 é considerável. Devemos notar que os mercados já estão neste momento a passar por um período de consolidação/correção em certas áreas, o que pode indicar que o mercado está a atuar de forma eficiente, assimilando nova informação e movendo as cotações para os seus "preços reais" de forma gradual, impedindo a proliferação “bolha” no caso de ela existir.

Ao contrário de bolhas anteriores, onde os ativos (como as Meme Stocks ou o Subprime) não tinham fundamentos que justificassem as suas valorizações, as empresas ligadas à infraestrutura de IA possuem fundamentos de crescimento inegáveis. A preocupação é a sobrevalorização baseada num cenário futuro de crescimento exponencial.

O que pode fazer a bolha da IA estourar?

Pessoa a fazer bolhas de sabão a simbolizar a bolha da IA
Sash Sriganesh / Unsplash

É importante compreender que estes riscos não dependem apenas da tecnologia em si, mas da combinação entre investimento massivo, expectativas irreais de retorno e fatores externos ao setor.

Abaixo, listamos os principais elementos que poderiam desencadear uma desaceleração significativa ou queda no valor das empresas mais expostas à inteligência artificial.

  1. Diminuição do Fluxo de Capital (CapEx): Se as Big Tech começarem a desacelerar a alocação agressiva de capital para infraestrutura de IA devido a cortes orçamentais ou preocupações de retorno, o crescimento das empresas fornecedoras (chips, componentes) seria restringido. Esta limitação de crescimento refletir-se-á diretamente nas suas cotações.
  2. Fracasso na Monetização e Produtividade: Este é o trigger mais relevante. Se os grandes investimentos em IA generativa (p. ex., Large Language Models) não se traduzirem em aumentos de produtividade e rentabilidade visíveis e superiores aos custos de investimento, as expectativas irrealistas dos investidores seriam quebradas. A perceção de que o ROI (Retorno sobre o Investimento) da IA é baixo ou a longo prazo pode desencadear uma reavaliação das ações.
  3. Fatores Macroeconómicos: Uma deterioração inesperada da economia global, o agravamento da inflação, ou uma subida agressiva e continuada das taxas de juro (encarecendo o capital e reduzindo a atratividade de ações de crescimento) podem ser o catalisador que leva os investidores a procurar segurança e a abandonar ativos de maior risco.
  4. Fatores geopolíticos: A escalada das tensões entre EUA-China e as restrições de exportação de chips avançados de IA e de maquinaria de fabrico (litografia) pode ter um duplo impacto negativo. Por um lado, restringe o mercado para fabricantes americanos como a Nvidia. Por outro, força a China a acelerar a sua autossuficiência. Uma restrição ainda mais apertada por qualquer um dos lados pode causar um choque no abastecimento de semicondutores e nos minerais essenciais (terras raras) que perturbaria gravemente o fornecimento e o custo das infraestruturas de IA a nível global, afetando negativamente as margens e a capacidade de crescimento das empresas. Adicionalmente, não podemos esquecer Taiwan que continua incerto se a China vai tentar invadir ou não o mesmo. Isto também poderia provocar falhas nas cadeias de abastecimento de semicondutores e aumentar os preços e adiamentos nos desenvolvimentos dos centros de dados.
  5. Regulamentação: A aprovação de regulamentações mais apertadas e complexas (como o AI Act na Europa) que imponham altos custos de compliance, auditoria e responsabilidade legal sobre os modelos de IA "de alto risco". Esta fragmentação regulatória global, com regras diferentes em cada grande bloco económico, pode atrasar a implementação, aumentar os custos operacionais e limitar a escalabilidade global, travando assim o potencial de monetização e assustando os investidores.

A IA está realmente a gerar retorno?

A IA já provou a sua capacidade de gerar avanços significativos na produtividade e otimização de processos. A sua aplicação em coding, desenvolvimento de software, customer support e análise de dados é inegável.

No entanto, o volume de capital alocado é de tal ordem que levanta sérias dúvidas sobre a sustentabilidade do retorno. Portanto, ainda não é possível ter a dimensão real do impacto da produção e produtividade na economia real. A lucratividade não é apenas uma questão de a IA funcionar, mas sim de o retorno superar o custo do capital e da infraestrutura (CapEx) em tempo útil. Portanto, existem 2 riscos principais:

  • Risco de Excesso de Capacidade (Overcapacity): Há o risco de as empresas investirem em data centers e chips numa escala que a procura ou a rentabilidade final não consigam justificar. Se a capacidade de chips e data centers superar em muito a procura real e a capacidade de monetização, o valor desses ativos pode ser revisto em baixa (imparidades).
  • O Desafio da Escala e Custo Operacional: A execução e manutenção de grandes modelos de IA (como o treinamento e a inferência) são incrivelmente caras em termos de energia e recursos computacionais. O desafio é escalar a utilização e reduzir o custo operacional para que as receitas geradas superem estas despesas avultadas.

Conclusão: estamos mesmo perante uma bolha da IA?

Só sabemos que uma bolha existe depois de ela rebentar. No entanto, como referido acima, as empresas que mais se têm valorizado com a febre da IA apresentam fundamentos sólidos, o que por si só invalida a existência de uma bolha. A questão, então, prende-se com o futuro: será possível continuar a alocar tanto capital a este tipo de investimentos sem um retorno palpável?

Em resumo, a lucratividade é uma corrida contra o relógio: as Big Tech têm de provar, nos próximos 12 a 24 meses, que a IA generativa é um motor de receita e eficiência com ROI positivo, e não apenas um investimento avultado para o futuro. Caso contrário, a pressão sobre as suas ações pode ser inevitável.

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