Os 5 anos Pós-Pandemia
No dia 19 de março de 2025, completam-se cinco anos desde o primeiro estado de emergência em Portugal devido à pandemia do COVID-19. A pandemia acabou por se tornar um evento inesperado que gerou instabilidade nos mercados financeiros e afetou profundamente o dia-a-dia das pessoas.
Comece a investir hoje ou teste gratuitamente uma conta demo
Abrir Conta Download mobile app Download mobile appNo entanto, nos mercados, a recuperação começou logo após o choque inicial, impulsionada por estímulos introduzidos pelos Bancos Centrais em todo o mundo. A introdução (a maior injeção de liquidez da história) de estímulos à economia acabou depressa por trazer consequências que até à data continuamos a tentar atenuar o efeito da inflação.
O aumento da liquidez (M2) na economia (linha preta), como se pode ver no gráfico, acabou por contribuir para o aumento da inflação (linha vermelha).
Fonte: longtermtrends
Passados estes cinco anos, torna-se essencial refletir e avaliar as mudanças ocorridas tanto na economia global como nos mercados de capitais.
Inicialmente, assistimos a um período de forte crescimento impulsionado pelos efeitos da inflação, onde mais tarde vimos os Bancos Centrais a adotarem políticas monetárias restritivas (aumento das taxas de juro) com objetivo de retirarem estímulos à economia para travar as subidas dos preços.
Ao longo dos últimos anos, as pressões inflacionárias têm vindo a diminuir, embora a taxa de inflação permaneça acima da meta de 2% estabelecida pelos Bancos Centrais. Em termos de crescimento económico, a segunda maior economia mundial, China, foi a primeira a revelar sinais de fragilidade, com a inflação a recuar significativamente e o consumo interno a diminuir de forma acentuada, devido à políticas monetárias mais restritivas do Banco Popular Chinês (PBoC). Ainda assim, economias como a dos Estados Unidos mantêm-se resilientes e estáveis, apesar de um contexto adverso ao crescimento.
Na Europa, o cenário torna-se cada vez mais delicado com o passar do tempo. Os principais blocos económicos europeus mostram sinais de desaceleração, com destaque para a Alemanha, que regista contrações no PIB há quatro trimestres consecutivos, fortemente afetada pela incapacidade do setor industrial em recuperar.
Desempenho das bolsas na Europa, com foco no Eurostoxx 50, DAX, CAC40 e PSI. Fonte: Koyfin
Ao analisarmos o comportamento das principais bolsas na Europa, incluindo a portuguesa, vemos que apesar da volatilidade e desafios económicos ao longo dos últimos 5 anos o desempenho dos mercados tem sido francamente positivo.
O índice Alemão destaca-se claramente pela positiva, com os mercados a anteciparem que o “bottom” possa já ter sido atingido e em breve as potenciais medidas de estímulos à economia possam melhorar as perspetivas de earnings sobre as cotadas e a perspetiva que mais cortes na taxa de juro possam acontecer ao longo deste ano.
O sentimento para as restantes bolsas é também semelhante, embora a escala dos movimentos seja um pouco inferior, uma vez que a economia alemã é a única em recessão neste momento.
Mercado das matérias-primas
Os preços das matérias-primas energéticas têm estado expostos a períodos de grande volatilidade, onde chegamos mesmo a ver os futuros ligados ao petróleo a atingirem valores negativos, algo que nunca tinha sido visto na história!
Para além da pandemia, em 2022 ainda tivemos a guerra no Leste da Europa que acabou por agravar ainda mais a questão da inflação, onde acabámos por ver os preços da energia, tanto do gás natural como do petróleo, a dispararem devido aos receios dos investidores sobre o risco de um choque no fornecimento por parte da Rússia.
Os preços acabaram por estabilizar como podemos ver no gráfico abaixo, sendo que os preços do Gás Natural nos EUA e na Europa acabaram mesmo por desvalorizar mais de 90% desde os seus picos de 2022.
No caso do petróleo, observámos também fortes correções, embora numa escala inferior. Ao longo dos últimos meses os preços do Brent e do Crude têm estado a oscilar entre os 70 e 80$, porém o cenário de risco do abrandamento económico intensificar-se ainda mais, pode contribuir para novas quedas no preço do barril de petróleo.
Comportamento do preço do Crude (linha azul) e Gás Natural cotado nos EUA (linha roxa). Fonte: Koyfin
No lado dos metais preciosos, estes também têm estado em destaque. Os preços do ouro entraram em Rally desde a forte intervenção dos Bancos Centrais, e desde então que os preços já subiram quase 100%, sendo que uma onça de ouro neste momento vale perto de 3.000$!
Comportamento do ouro (linha roxa), prata (linha azul) e cobre (linha laranja). Fonte: Koyfin
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Retornos em percentagens e anualizados dos vários mercados analisados ao longo dos últimos 10 anos, estes valores não incluem os dividendos. Fonte: Bloomberg
Nem tudo parecia mau para a maior parte das empresas, a pandemia veio acelerar a tecnologia, a digitalização e o teletrabalho, revolucionando o paradigma da altura. No eclodir da pandemia foram várias as empresas que beneficiaram do facto da população mundial estar confinada em casa. Deste modo, empresas ligadas: às comunicações, às redes sociais, ao streaming, aos videojogos, aos empregos à distância, de entregas de mercadorias e de comércio online; viram esta ameaça mundial como uma oportunidade única de negócio. Também é de notar que para além dos setores mencionados ainda tivemos as farmacêuticas ligadas à criação das vacinas contra o COVID19 que foi uma oportunidade de ouro para gerar o máximo de receita possível. No caso do setor bancário, as preocupações em relação ao confinamento, deixaram a banca com receio que o crédito malparado disparasse.
Vamos agora olhar para a performance dos setores de forma individual, devemos notar que todos os gráficos descritos abaixo estão localizados no horizonte temporal em relação aos mínimos que os mercados atingiram na pandemia. Portanto, as datas analisadas são de 18 de Março de 2020 até 25 de Fevereiro de 2025.
Streaming
No caso do streaming, foi um setor que ainda hoje continua bastante forte com líderes como: a Netflix, Spotifty, Google (Youtube) a atingirem máximos nas bolsas e baterem os resultados de forma consistente. Já no caso da Roku, uma empresa muito utilizada nos EUA durante a pandemia, ficou para trás, estando abaixo dos valores registados em 2021-2022.
Evolução das empresas de streaming até aos dias de hoje, Spotify (Laranja), Google (Azul), Netflix (Roxo) e Roku (Amarelo) Fonte: Koyfin
Comércio Eletrónico
Em relação ao comércio eletrónico, este explodiu durante a pandemia, altura em que as pessoas estavam em casa e as lojas estavam fechadas, o que criou uma oportunidade clara para este setor. Algumas das grandes retalhistas ainda hoje continuam fortes, outras não conseguiram aproveitar o impulso dado pela pandemia. As líderes continuam hoje a ser: Amazon e Alibaba. Já no caso da Etsy, que era uma das empresas mais fortes no setor na altura, não conseguiu aproveitar o momento e tem tido desvalorizações constantes.
Evolução das empresas de comércio eletrónico até aos dias de hoje, Etsy (Laranja), Amazon (Azul), Alibaba (Roxo) Fonte: Koyfin
VídeoJogos
Os videojogos foi outra indústria que disparou com o facto dos jogadores estarem todos em casa e propícios a dedicar mais horas ao entretenimento. As empresas em destaque foram: TENCENT, MSFT, Take Two, EA GAMES, Sony e Nintendo. No entanto, quando olhamos para a performance, elas sofreram fortes correções em 2022 quando se retornou à normalidade nas economias desenvolvidas, sendo que neste momento voltam a ganhar destaque, principalmente as empresas asiáticas.
Evolução das empresas ligadas aos videojogos até aos dias de hoje, Electronic Arts (Laranja), Microsoft (Azul), Tencent (Roxo), Nintendo (Amarelo) e Take-Two(Verde) Fonte: Koyfin
Vacinas
Como já tinha sido mencionado, as farmacêuticas que conseguiram desenvolver uma vacina contra o vírus foram altamente beneficiadas em termos de resultados, já que foram os fornecedores mundiais. Depois do pico da pandemia ter passado podemos ver que as empresas voltaram a corrigir para os seus níveis “fundamentais”, pois a explosão das suas cotações foi relacionada com os lucros rápidos das vacinas. As empresas em destaque foram:
Astrazeneca, Pfizer e Moderna. O caso da Moderna é interessante, visto que a empresa chegou a estar a subir mais de 1200% e hoje tem tido um desempenho fraco!
Evolução das farmacêuticas ligadas às vacinas até aos dias de hoje, Moderna (Laranja), Astrazeneca (Azul), Pfizer (Roxo) Fonte: Koyfin
Transportes
No caso dos transportes houve quem beneficiasse, como quem tivesse perdas, no caso das empresas de transportes para encomendas foram altamente beneficiadas com a explosão do comércio eletrónico, já empresas de transporte de mercadorias ou transporte de passageiros foram altamente prejudicadas. Podemos mencionar alguns exemplos, tais como: CTT, Fedex, DHL, UPS e Easyjet.
Evolução das empresas ligadas aos transportes até aos dias de hoje, DHL (amarelo), CTT (roxo), Fedex (laranja), UPS (verde) e EasyJet (azul). Fonte: Koyfin
Turismo
O turismo foi um dos setores mais afetados na altura do embate da pandemia. As fronteiras fechadas na maior parte dos países e o medo de viajar levaram a uma redução no número de viagens. Exemplos de empresas que foram gravemente afetadas: Booking, Tripadvisor, Expedia, Carnival , etc.
Note-se que enquanto hoje a Booking e a Expedia já recuperaram do embate da pandemia, empresas como a Tripadvisor ou Carnival não conseguiram ainda hoje recuperar da “pancada”, encontrando-se a cotar abaixo de Janeiro de 2020.
Evolução das empresas ligadas ao turismo até aos dias de hoje, Carnival Cruise Lines (Laranja), Booking (Azul), TripAdvisor (Roxo) e Expedia (Amarelo) Fonte: Koyfin
Comunicação e Redes Sociais (tecnológicas)
Empresas ligadas à comunicação e redes sociais foram muito beneficiadas com a pandemia, já que estas tecnologias ajudaram a população no que toca ao teletrabalho e em termos de entretenimento . As empresas mais beneficiadas na altura foram: META, ZOOM, MSFT, GOOGLE.
Evolução das empresas Tecnológicas até aos dias de hoje, Zoom (Laranja), META (Azul), Google (Roxo) e Microsoft (Amarelo) Fonte: Koyfin
Energia (Renovável e Fóssil)
O facto de muitas empresas estarem paradas, os transportes condicionados, aviões encostados, levaram a que o consumo de energia caísse a pique. O caso dos futuros de petróleo como foi mencionado anteriormente chegaram a atingir um valor inferior a 0! Assim, empresas petrolíferas e empresas de energias renováveis sentiram fortemente a queda no consumo energético. Exemplos de empresas: EXXON Mobil, Galp, EDPR, Enphase Energy.
Evolução das empresas de Energia até aos dias de hoje, Exxon Mobil (Laranja), GALP (Azul), Enphase Energy (Roxo) e EDPR (Amarelo) Fonte: Koyfin
Mobiliário e Escritório
Empresas ligadas ao conforto da casa, móveis e escritório foram bastante beneficiadas durante a pandemia, já que as pessoas sentiram necessidade de melhorar o seu lar, visto que começaram a passar muito mais tempo em casa! Exemplos de empresas que beneficiaram da tendência: Home Depot, SteelCase, etc.
Evolução das empresas de Mobiliário e Escritório até aos dias de hoje, SteelCase (Azul), Home Depot Fonte: Koyfin
Banca
Por último, a banca, que no embate da pandemia houve quem considerasse a possibilidade de uma “corrida aos bancos”. Posteriormente, o medo da economia parar e as empresas fecharem prejudicou gravemente a cotação das ações bancárias, no entanto, ao longo destes anos a recuperação foi acontecendo, sendo neste momento dos setores mais fortes. Exemplos de empresas afetadas: Wells Fargo, Millennium BCP, JP Morgan, Santander, etc
Evolução das empresas do setor da banca até aos dias de hoje, BCP (gráfico roxo), JP Morgan (gráfico laranja), Santander (gráfico amarelo) e Wells Fargo (gráfico azul). Fonte: Koyfin
Conclusão
O que podemos retirar daqui? Cada momento é um momento, em que as empresas mais fortes numas alturas podem ser as mais fracas noutras, acontecimentos excepcionais podem levar o mercado a entrar em pânico, podem ser excelentes oportunidades de compra e são momento que põe a humanidade a prova e obrigam ao desenvolvimento! Também fica a lição de como o mercado antecipa os acontecimentos, visto que as ações começaram a cair quando em Portugal ainda nem se falava em covid e começaram a recuperar quando foi declarado o estado de emergência nacional.
Autores: Henrique Tomé, Vítor Madeira
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