A análise do múltiplo Preço/Lucro (P/L) das chamadas “7 Magníficas” – Apple, Microsoft, Alphabet, Amazon, Meta, Nvidia e Tesla – revela uma dispersão crescente nas avaliações, o que exige um olhar mais seletivo por parte dos investidores. Algumas companhias apresentaram compressão significativa em seus múltiplos, enquanto outras seguem negociando a preços elevados, em um contexto marcado pela volatilidade recente dos mercados, sinais mistos do Federal Reserve e aumento da incerteza tarifária com o novo governo dos EUA.
Compressão de múltiplos em algumas empresas de tecnologia
Alphabet e Microsoft se posicionam como as mais atrativas em termos de valuation relativo:
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Alphabet apresenta um forward P/L de 19, abaixo de sua média de três anos (20,74).
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Microsoft negocia com forward P/L de 28,62, também inferior à sua média histórica (29,86).
Ambas combinam solidez financeira, crescimento consistente e baixa volatilidade, o que as torna bem posicionadas para um ambiente incerto.
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Amazon também teve forte compressão de múltiplos: seu forward P/L caiu para 32,42 (média de três anos: 54,35) e o P/L LTM está em 37,20, refletindo ganhos operacionais e melhora nas margens, especialmente nas divisões de AWS e publicidade.
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Nvidia conseguiu reduzir seus múltiplos mesmo com a alta recente no preço das ações: forward P/L de 26,63 (média de três anos: 38,96) e P/L LTM de 41,05. Apesar de ainda negociar com expectativas elevadas, a avaliação atual é menos extrema do que em 2023.
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Meta e Apple mantêm múltiplos moderadamente elevados:
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Apple: forward P/L de 29,73 e P/L LTM de 35,63, ambos acima da média.
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Meta: forward P/L de 24,70 e P/L LTM de 26,25, indicando recuperação operacional, mas também uma valorização de preço que limita o potencial de entrada no curto prazo.
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Tesla continua sendo a mais cara do grupo, com forward P/L de 107,78 e P/L LTM de 141,25, muito acima de seus históricos. Mesmo com certa compressão recente, os múltiplos ainda refletem expectativas de crescimento difíceis de sustentar nas condições atuais.
Incerteza política e comercial: tarifas voltam ao centro do debate
Além dos fundamentos, o cenário político se tornou um catalisador relevante. O governo Trump anunciou que, a partir de 2 de abril, entrará em vigor um regime de tarifas recíprocas, reacendendo o temor de uma nova guerra comercial. Embora alguns analistas vejam a medida como ponto de partida para negociações e não um "evento terminal", os riscos de interrupções na cadeia produtiva e aumento de custos já começam a ser precificados.
Empresas com grande exposição internacional, como:
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Apple, Nvidia e Tesla (com forte presença na China),
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Microsoft e Amazon (operações globais relevantes),
podem ser particularmente vulneráveis a uma escalada tarifária.
As declarações recentes do presidente Trump, dizendo estar disposto a aceitar uma "transição dolorosa" devido às tarifas, aumentaram a percepção de risco entre os investidores. Isso se soma às advertências do secretário do Tesouro, Scott Bessent, sobre uma possível "desintoxicação" da economia após anos de estímulos fiscais.
Conclusão
A disparidade nas avaliações das “7 Magníficas” abre espaço para uma abordagem mais seletiva por parte dos investidores:
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Alphabet e Microsoft: destacam-se pela atratividade na avaliação e qualidade operacional.
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Amazon e Nvidia: múltiplos comprimidos podem representar oportunidade, desde que mantenham o ritmo de crescimento.
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Apple e Meta: continuam sólidas, mas com pouco espaço para desconto.
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Tesla: segue desalinhada com seus fundamentos, sendo a mais cara do grupo.
O curto prazo será dominado pela evolução das tensões comerciais, política monetária e revisões de lucros corporativos. Nesse cenário, capacidade de adaptação e resiliência operacional serão tão importantes quanto os indicadores de avaliação.

Fonte: xStation5.
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