A Bitcoin atravessa um período de fragilidade invulgar. Os investidores que estão a vender neste momento continuam a realizar lucro líquido, o que indica que ainda não houve qualquer capitulação nem vendas forçadas por chamadas de margem.
No entanto, também é verdade que os investidores de retalho não apareceram para comprar na queda, ao contrário do que fizeram no mercado accionista. O apetite pelo risco permanece deprimido, os detentores de longo prazo começaram a reduzir posições e os fluxos para os ETFs de Bitcoin abrandaram de forma significativa.
Além disso, o preço encontra-se num nível técnico relevante: a recente quebra em baixa da média móvel de 50 semanas — historicamente um prenúncio de correções mais profundas — reforçou o sentimento negativo. Sempre que a Bitcoin caiu abaixo desta média móvel durante uma fase de alta nos últimos 13 anos, o preço sofreu quedas acentuadas nos meses seguintes.
Está a ocorrer uma mudança estrutural no mercado cripto?
A Bitcoin perdeu cerca de 600 mil milhões de dólares em capitalização de mercado desde o pico de outubro. A volatilidade é habitual, mas desta vez destaca-se a rapidez com que a confiança do mercado desapareceu e a ausência de explicações convincentes além da alavancagem e da fragilidade estrutural. Neste momento, o ativo está cerca de 27% abaixo das máximas recentes.
Desde 2014, a queda média de um mercado em baixa da Bitcoin ronda os -30,8%, pelo que a queda atual não é anómala. Em 2022 houve dois mercados em baixa com descidas superiores a 45%. Na altura, os investidores vendiam por necessidade e receio; em 2025, vendem porque estão com mais liquidez e exposição. Não é o mesmo fenómeno.
O que estamos a observar agora é uma alteração na forma como o ativo é detido e transacionado: uma transição estrutural, não apenas mais um ciclo de mercado em baixa.
O impacto dos investidores de curto prazo e da volatilidade
Apesar da base de investidores estáveis ter crescido nos últimos anos, o mercado continua dominado por um grande contingente de “investidores-turistas”, muito sensíveis ao ruído e com pouca convicção fundamental.
Isso amplifica a volatilidade tanto no preço como nos fluxos: um mercado com expectativas elevadas, convicção reduzida e pouco robusto para enfrentar mudanças bruscas de sentimento.
Bitcoin pode ter um dos piores desempenhos de 2025
Se esta tendência persistir, as criptomoedas podem tornar-se uma das classes de ativos com pior desempenho em 2025. A Bitcoin já apresentou um retorno inferior aos títulos do Tesouro norte-americano no último ano, um resultado atípico para um ativo frequentemente promovido como instrumento de crescimento e diversificação.
Pressões macroeconómicas e políticas sobre o mercado cripto
No plano macro e político, o enquadramento também não ajuda. Não será coincidência que a correção das criptomoedas surja em simultâneo com um realinhamento político nos EUA após os reveses eleitorais do movimento MAGA e de figuras como Zohran Mamdani, cuja retórica anti-establishment colide com a narrativa pró-inovação da indústria cripto em centros urbanos como Nova Iorque.
Mesmo plataformas como a Polymarket, que antecipou corretamente a vitória de Trump no ano passado, estão agora a atribuir maior probabilidade de os democratas recuperarem o controlo da Câmara dos Representantes, influenciando as expectativas de regulação e apoio político ao setor. A isto juntam-se as dúvidas sobre as avaliações elevadas das empresas de IA com as quais o segmento cripto está correlacionado e a crescente probabilidade de que a Fed adie cortes de taxas, uma combinação que pesa adicionalmente sobre o mercado.
O papel do halving e dos ciclos históricos da Bitcoin
Na ausência de um modelo tradicional de avaliação, muitos investidores voltam a focar-se no único padrão histórico consistente: os ciclos de halving. Cada halving foi seguido por fases especulativas e subsequentes correções acentuadas, com um calendário associado à pressão vendedora dos mineradores. O halving de 2024 enquadra-se na volatilidade atual, e não seria surpreendente observar uma recuperação temporária antes de uma nova fase de ajuste.
A liquidez global como fator-chave para a recuperação da Bitcoin
A questão essencial permanece: se a Bitcoin não conseguir estabelecer uma tendência ascendente num contexto de maior adopção, apoio político e interesse institucional, então quando acontecerá?
A nossa leitura é que o fator decisivo é a liquidez global. Com o fim do impasse orçamental nos EUA e a expectativa de novos estímulos fiscais e monetários, é possível que a liquidez volte a aumentar nos próximos meses. Se tal ocorrer, a Bitcoin poderá recuperar parte do terreno perdido.
Conclusão: a fragilidade atual depende mais da liquidez do que da narrativa
Os ativos geradores de rendimento remuneram o investidor ao longo do tempo. Ações com crescimento consistente de dividendos superam a inflação. A Bitcoin não desempenha esse papel: não distribui rendimento, não substitui moeda e não envia dividendos. O que oferece é exposição a uma tese de longo prazo, a possibilidade de que, dentro de 20 anos, o dinheiro digital seja tão comum quanto os smartphones e que a versão original, resistente à censura, mantenha valor.
Em suma, a Bitcoin não está a corrigir por falta de narrativa, apoio ou adopção, mas sim por falta de liquidez e por uma estrutura de mercado ainda demasiado frágil. A próxima recuperação dependerá menos da natureza do ativo e mais da capacidade dos mercados globais recuperarem o “oxigénio” financeiro necessário para sustentar ativos de risco.
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